Fisio e a Doença de Alzheimer


Sabia que nós fisios temos um importante papel no tratamento de pessoas com a Doença de Alzheimer? Mas antes, vamos saber um pouquinho sobre essa doença.

Alzheimer é um dos tipos mais comuns de demência, na qual ocorre a atrofia do córtex cerebral de forma progressiva, lenta (relativo) e difusa. Leva ao comprometimento negativo da função cognitiva do portador. 
Resumindo: é uma doença que afeta o cérebro. Ela leva a degeneração dos neurônios (que posteriormente morrem). Ah, o quadro piora com a exposição do paciente á pequenos estresses.

O Alzheimer afeta principalmente a galera da melhor idade (a partir dos 65 anos), sendo as mulheres mais acometidas (sempre nós u.u) e a expectativa de vida é de 5 a 10 anos. A causa continua desconhecida, mas há forte relação com a base genética, Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) e Síndrome de Down.

A doença possui 4 fases (fase inicial, fase intermediária, fase final e fase terminal). Essas fases são uma importante forma de classificar a evolução da doença Os sinais e sintomas variam de acordo com o a fase  em que a doença se encontra, vejamos alguns deles:
Na Fase Inicial: Perda de memória, confusão e desorientação; ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança;  dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se;   alguma dificuldade com ações mais complexas como cozinhar, fazer compras, dirigir, telefonar. 
Na Fase Intermediária os sintomas da fase inicial se agravam e também pode ocorrer  dificuldade em reconhecer familiares e amigo; perder-se em ambientes conhecidos; alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária;   movimentos e fala repetitiva; dependência progressiva e início de dificuldades motoras.

Na Fase Final:  dependência total; imobilidade crescente; incontinência urinária e fecal;  tendência em assumir a posição fetal; mutismo; restrito a poltrona ou ao leito; infecções urinárias e respiratórias freqüentes; término da comunicação. 
Na Fase Terminal: agravamento dos sintomas da fase final; restrito ao leito; posição fetal; disfagia com a necessidade de alimentação enteral; infecções de repetição.
Já deu pra sentir que tem muito trabalho p'rá gente né?! Aliás não só para nós, mas também para médicos, psicólogos*, nutricionistas, enfermeiros, assistentes sociais*... Ou seja, é um tratamento multidisciplinar!

*atenção especial para as famílias e cuidadores pois não é fácil lidar com os lapsos de memória e mudanças de humor, por exemplo. É preciso ter muuuuuita paciência e uma série de cuidados).
O diagnóstico é feito a partir do exame clínico ("A clínica é soberana"), exame do estado mental, início entre 40 e 90 anos de idade, histórico familiar, Tomografia Cerebral com atrofia cerebral, testes neuropsicológicos, além é claro da presença de piora progressiva da memória e outras funções cognitivas.

O prognóstico para pessoas com a doença de Alzheimer é pregressivo e reservado. Ainda não existe cura.

Sim, e cadê a fisio?



O tratamento fisioterapêutico da doença de Alzheimer deverá enfatizar a prevenção de contraturas utilizando-se técnicas de alongamento, já quer as alterações motoras como alterações no tônus muscular e tendência a desenvolvimento de rigidez articular.
 Exercícios de fortalecimento, coordenação motora e equilíbrio também devem ser incluídos no programa de tratamento do paciente com Alzheimer, estes exercícios podem ser executados tanto em solo quanto em piscina. Outra técnica bastante bem vinda no tratamento é a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) com uso de iniciação rítmica e padrões bilaterais de movimento que ajuda na melhora da coordenação e do ritmo dos movimentos.


Vamos prevenir?
A prevenção é simples: mudança nos hábitos de vida. Exercícios físicos, alimentação e exercícios mentais são ótimos. Nos exercícios físicos vale dança, natação, caminhada... Já para exercitar a mente pode ser jogos de memória, caça-palavras, ler (livros, revistas, jornais, gibis... o importante é ler), fazer caminhos diferentes, aprender coisas novas. Isso tudo ajuda a manter a memória e o cérebro ativos.
Alimentos ricos em ácidos graxos tipo ômega 3 (presente nos peixes), além de evitar comidas gordurosas que levam ao aumento do colesterol e redução do HDL





     




Referências:
O'SULLIVAN, Susan B.; SCHIMITZ, Thomas J..Fisioterapia: Avaliação e Tratamento. 5.ed. Barueri: Manole, 2010.
Sociedade Brasileira de Neurociência: http://www.sbneurociencia.com.br/diegocastro/artigo1.htm
Doença de Alzheimer: http://www.doencadealzheimer.com.br/
Doutor Cérebro: http://www.doutorcerebro.com.br/portal/o-cerebro/11-alzheimer/32-preveniralzheimer

Primeiro Atendimento

Não faz muito tempo, foi no semestre passado, mas foi um passo tão importante que me recuso a esquecer. Ainda assim, percebo que alguns detalhes começam a fugir da memória por isso quero escrever aqui o que me lembro do meu primeiro atendimento.
Era o final de algum mês, setembro ou outubro não tenho certeza. Nas últimas semanas eu não pensava em outra coisa que não fossem os atendimentos. Morria de nervosismo só em pensar como eu seria na frente de um paciente real, com uma disfunção real a ser tratada. Não seria mais só o paciente "S.D.J, 30 anos" seria uma pessoa física, ali na minha frente, esperando algo de mim. 
Enfim chegou o dia, seria o dia mais tenso da semana: antes do atendimento teria uma prova (que foi muito confusa por sinal). Depois da prova eu me tremia toda rsrs. Cada um dos meus colegas demonstrava uma forma de nervosismo: uns agitados, outros falantes, outros com problemas intestinais... valia tudo! kkkkkkkk
E lá estávamos na clínica, devidamente vestidos com nossas melhores roupas brancas e jalecos. Não demorou e as fichas com os nomes dos pacientes começaram a chegar e a professora ia chamando nossos nomes aleatoriamente para receber nosso pacientes. Fui uma das últimas, não sabia o que me esperava. Era uma senhora que havia sofrido um AVE. Ali, diante daquela mulher, sorri e esqueci o nervosismo. Tentei torná-lá, em minha mente, uma parente e fazer por ela o mesmo que eu faria se fosse minha mãe ou minha avó: daria o melhor de mim. Eu havia esperado aquelo momento desde que escolhi cursar fisioterapia. Tudo fez sentido. Eu senti que estava onde devia estar, nada poderia ser melhor do que melhorar a vida de alguém com tudo aquilo que apendi. Após o atendimento eu estava sorrindo com a certeza que era isso mesmo que eu queria para minha vida, que não havia porque ter receio do meu atendimento. E no fim do período senti orgulho de mim e de minha dupla. Nossa paciente chegou de cadeira de rodas no primeiro dia e saiu andando com um pouco de ajuda de sua filha (que posteriormente foi substituída por uma bengala) no último atendimento. Fizemos um bom trabalho, melhoramos a vida de várias pessoas e isso realmente nos deu uma alegria sem preço! *-*

Sabendo ouvir, tendo atenção ao paciente, explicando claramente a patologia, o que leva a ela, o que você quer fazer e a importância disso para o tratamento, não tem como dá errado. E se você fizer essas coisas, será um bom fisioterapeuta, pode apostar!
Não esqueçam: vocês esperam pelo primeiro atendimento desde que entraram no curso. Estudem, se esforcem. Lembrem-se que lá na frente vocês estarão com um paciente real contando com você.

Alguém mais quer dividir seu primeiro atendimento? :)